terça-feira, 2 de março de 2010

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE III - A ARROGÂNCIA INGLESA


Com as tropas Francesas destroçadas pelas milícias do povo Português, com Junot remetido a Lisboa, com o "Maneta" regressado também à capital com as suas tropas em farrapos e com o norte de Portugal liberto, chegam as tropas do Duque de Wellington ao território a 1 de Agosto de 1808.

Com o trabalho todo feito, marcharam os Ingleses até Lisboa calcando altivos a terra vermelha com o sangue do povo Português derramado a combater Junot com foices e enxadas.

Com o exército Português "reorganizado" no Porto por Freire de Andrade, o Duque de Wellington destroçou as tropas Francesas e tomou Lisboa.

Por ridículo que pareça, em vez de aniquilar Junot, o Duque, à revelia das tropas Portuguesas negociou a retirada dos Franceses assinando um tratado conhecido por "Convenção de Sintra" no qual permitíu aos Franceses retirar em navios Ingleses as suas tropas do país levando consigo toda a artilharia mais o produto dos roubos da Invasão. Este tratado só demonstra o carácter Britânico na sua sempre podre aliança que manteve com Portugal na qual os Portugueses sempre perderam à exepção da Coroa que enriquecia com as benesses Inglesas !

Não adiantou o protesto de Freire de Andrade, os Franceses partiram, o que lhes permitíu salvar o que restava do seu exército e permitíu a Junot partir com os bolsos carregados de ouro Português, selvaticamente roubado. Tudo isto para poupar aos Ingleses a "maçada" de transportar a sua artilharia até zonas remotas e de difícil acesso com a agravante de certamente ir sofrer baixas em combate o que é inevitável numa guerra.

Aos Ingleses, o Povo Português pouco interessava, a coroa no Brasil estava "controlada" por Charles Stuart que jogava D João como um roberto, o comércio intercontinental tinha sido roubado a Portugal e passava a ter a sua sede no Rio de Janeiro onde eram pagas as taxas, o exército Português de Freire de Andrade era arrogantemente tido pelos Ingleses como uma milícia de maltrapilhos sem tradição militar; será caso para dizer maldita a hora em que os Ingleses nos entraram casa adentro !

E tudo porquê ? Em Portugal não havia ninguém que soubesse governar, estavam no Brasil... Não havia classe média, o país era pobre, o dinheiro do país servia para alimentar a loucura de D João de querer expandir o império no Brasil para sul, as vidas que se perderam a combater o facínora Napoleão foram efémeras pois o enimigo partiu nos barcos Ingleses não só com as suas armas mas também com tesouros artísticos que nunca foram devolvidos nem pelos "democráticos" governos que se seguiram até ao presente, Olivença continua Espanhola e o jacobinismo bem vivo e a angariar votos por Portugal fora acenando a bandeira dos paladinos da liberdade... Ou da libertinagem, o leitor que dicida !

6 comentários:

  1. Caro Nuno:
    Rste seu III capitulo arece-me nais fácil de comentar.
    Contem algumas imprecisões. Ei-las:

    1. As tropas francesas nem por sonbras foram «destroçadas» pelas milícias populares portuguesas.
    Aliás, os revoltosos nacionais foram-se organizando sob o comando da fidalguia de provincia (Sepúlveda, Silveira, Rego Barreto, Cabreira), habituada a comandar mlicias e tropa de 2ª linha, e pelo clero..
    Não, para além de ataqus pontuais, sempre sujeitos a sanguinárias retaliações dos franceses, os revoltosos aguardavam ansiosamente o desembarque do Exército inglês.
    2. Aponto um exemplo muito concreto, porque o estudei recentemente, devido a um trabalho que escrevi e ve hoje a público (tenh muito gosto em lhe oferecer um exemplar...). E estdei através de João António Godinho Granada (livro dificil de encontrar), que narra a revolta das gentes da actual Nazaré, ocupada e pilhada pelos franceses.
    A população - conta esse autor - julgando osingleses próximos insubordinou-se: quando soube que a chegada do «aliado» demoraria ainda - fugiu. Os franceses saquearam o Santuário e a vila, fugindo com o seu tesouro e os bens dos moradores. Morreram uns 20 populares em toda essa movimentação. Pós chegada dos ingleses, a terra ficou definitivamente em paz.
    3. Neste aspecto, perdoe-me que o diga mas há alguma contradição no seu discurso: então os britânicos fazem um tranquilo passeio até Lisboa (como se os portugueses já tivessem limpado o terreno à sua frente), mas, mais à frente, sempre são eles, ingleses, que «destroçam» o exército francês? Qual era o estado e a força deste, afinal?
    (cont.)

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  2. (cont).
    4.O episódio «Convenção de Sintra» não merece qualquer cometário. Foi chocante, tal qual V. o refere. Participaram ingleses, franceses e, se os havia ainda, os nossos «afrancesados». ~Perdeu o País inteiro: as igrejas, as ordens religiosas, a Coroa e as Casas nobres pilhadas. Do povo, decerto não há-de ter sido muita coisa embarcada para França. Ficou já - sobretudo a sua fome e as suas privações, que é o seu património.
    5.Depois V. insurge-se contra os ingleses, no que está no seu pleno direito e nada contende coma pessoa do Príncipe Regente.
    Mas há a questão do tratamento dado pelos ingleses aos miltares portugueses. E essa tem de ser esclarecida.
    Os ingleses (Welligton) rapidamente perceberam que a nossa oficialidade era uma miséria: indisciplinada, ignorante, impreparada...
    Salvavam-se o Silveira (Conde de Amarante) e Bernardim Freire de Andrade (é esse que o Amigo refere; outro, Gomes, andava a combater pelos franceses).
    É certo, olhavam-nos com desprezo. Mas verá que esse desprezo tende desaparecerá com o aprimorar dos nossos oficiais, nas invasões seguintes. Senão, é vermos adiante como se distribiram as tropas aliadas na Roliça, Vimieiro e Linhas de Torres.
    (cont).

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  3. (cont).
    6. A manipulação de D. João VI no Brasil... é fruto da sua má vontade contra o Senhor. Ao Brasil não chegavam manipulações. E, por causa das invasões, deixou de vir o dinheiro que nos sustentou no Séc. XVIII. Daí as privações.
    Sem dúvida, por essa altura, foi necessário diplomacia e armas para fixar fronteiras do Império a sul do Brasil.Pode gostar ou não. Como poderá adiante gostar ou não da independência brasileira.
    7. Em suma, se os ingleses - com todo o seu interesseirismo, hipocrisia, prepotencia - não tem vindo em nosso auxilio militar, correria muito mais sangue português e, para expulsar os franceses outros teriam de vir em nosso auxilio. Sozinhos não conseguiríamos. Nenhuma nação europeia o conseguiu.
    Por mim, antes ingleses que napoleões. Mil vezes.

    Estou longe de casa, nesta altura. Sem armas e cartuchos e sem livros. À mercê da ladroagem, da carbonária e da minha ignorância. Só amanhã voltarei aqui ao seu blog.

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  4. Caro amigo.

    Foi muito interessante ler este seu comentário e muito educativo devo dizer.

    A primeira parte do meu texto induz em erro e realmente o meu amigo faz toda a lógica quanto o rebate.

    Baseei-me essencialmente no famoso livro do Pulido Valente sobre o Loison.

    Realmente quem foi "destroçado" (sei que é uma palavra forte mas sofreu pesadas derrotas ) foi o próprio Loison enquanto tentava aniquilar a revolta, longe da base e com dificuldade em manter a logística da guerra, sendo sempre atacado de surpresa . Junot ficou em Lisboa onde não lhe tocaram.

    A história conta-nos muitos factos assim, o grande exército regular, imperialista derrotado por maltrapilhos a lutarem por "um palmo de terra" foi assim no Vietname, Afeganistão, no nosso ultramar etc.

    Quando chegaram os Ingleses a marcha foi simples sim, mas até Lisboa; conquistar Lisboa seria uma história diferente, assim como daria luta conquistar Abrantes e Almeida, só deslocar a artilharia seria um pesadelo como aliás refere o autor.

    A ideia com que fiquei foi que o famoso tratado foi a forma fácil de dar a vitória aos Ingleses pois escusou qualquer acção belicosa e como quem perdeu foram os Portugueses para eles (Ingleses) tanto se lhes deu.. Completamente de acordo na primeira parte e mau uso nas minhas palavras.

    Na segunda parte do seu comentário deixo um pensamento : como seria se D João tivesse deixado uma resistência organizada em Portugal ?

    É nisto que condeno o Rei na sua partida (o pior foi o seu não retorno mas lá chegaremos...); deixando de parte a estratégia diplomática, os Portugueses ficaram entregues aos apetites dos Franceses, e se estalou a revolta findos 6 meses de ocupação, não seriam agradáveis certamente esses apetites !

    Os Ingleses à falta de organização tanto militar como administrativa chegaram e hastearam a sua bandeira, literalmente; o esforço da guerrilha do povo rapidamente foi rebaixado e substitído pela tal "arrogância" Inglesa que certamente teria tido enormes dificuldades na sua conquista não fosse o sacrifício dessas tantas almas, acho que os Ingleses foram tão chauvinistas que não conseguiram dar valor a esse facto heróico.

    Na última parte deixo-lhe uma questão, a si que leu e sabe mais que eu, pois esta "brincadeira" didáctica entre nós tem sido de uma riqueza admirável; o que fazia um embaixador Inglês a membro das Cortes no Brasil ? Que poder teria ?

    Na resposta a esta pergunta reside a chave da real influência Inglesa no Reino.

    Também acho que não foi de bom tom, mas isso será mais acima (o tempo infelizmente tem-me faltado...) O Rei tentar conquistar território na América do Sul (conquistou a Guiana Francesa que depois teve de devolver em Viena ) num tempo em que urgia reconstruir Portugal, consumindo assim os parcos recursos que tinha; é um dos pontos que me faz pensar que em determinado ponto o Rei esqueceu Portugal e só viu o Brasil !

    Nota: seria uma honra para mim ter um exemplar desse seu trabalho, pelo menos uma dedicatória num comprado por mim; tenho pena é de não ter trabalho algum para lhe devolver a simpatia, fica aqui o blogue como um pequeno espaço a que será sempre bem-vindo, não é um ensaio de nota mas sempre é de boa vontade.

    Aproveito também para referir que passo os meus fins de semana em Esmoriz e para dedicar algum tempo à minha cara metade (filhos não tenho de momento ) decidi deixar o computador em casa, só levo alguns livros que vou lendo e aproveito também para investigar, pois para lhe responder a si é quase necessário tirar um Doutoramento...

    Um abraço.

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  5. Caro amigo:
    À «traição», aproveitando a sua ausência em Esmoriz, aqui fica, para quando regressar, uma tentativa de síntese, neste capítulo:
    1. Quando da partida para o Brasil, D. João deixou recomendações Uma estratégia) bem defenida: não hostilizar os franceses. Ou seja, quis evitar o nar de sangue, qualquer esboço de resistência era absolutamente inutil, havia que esperar por melhores dias (não se sabendo quando estes chegariam).
    2. A oportunidade desponta com a síbita revolta em Madrid. Napoleão perde um aliado importante (Espanha)e ganha até um novo inimigo.É o retorno das tropas espanholas e, em simultaneo, quase, o desembarque dos ingleses, há muito esperado.
    A revolta nacional dá-se então.
    3. Os ingleses apoderam-se da condução militar da guerra. Não reconhecen créditos aos oficiais portugueses e o nosso exército é um «barco à deriva».
    Claro, não incluem nas suas manobras o povo em armas. Este é conduzido por fidalgos da provincia (oficiais de Ordenanças e Milicias - tropa de 2ª linha - os «capitães-mor») e até pelo clero, fanatizado contra o jacobinismo rancês.
    4. A Convenção de Sintra foi uma vergonha. Os ingleses «despacharam» o assunto e os mais fracos (nós) pagaram a factura em ouro e prata e tesouros que foram para nunca mais.
    5 A questão dos embaixadores: a sua influência numa Corte era (é...) directamente proporcional ao poder do Estado que representa. Um embaixador pode ser o emissário de um ultimato; ou pelo lado de quem o faz, ou de quem o recebe...
    O embaixador inglês tinha imensa influência: nõs tinhamos seguido o partido inglês, recorde-se; o embaixador francês não tinha inflêncua alguma simplesmente porque não existia.
    5. A Coroa preocupu-se em defenir e defender as fronteiras do imenso Brasil. A sua riqueza fazia faltae os vizinos (ainda) espanhois ameaçavam. Mas não vieram homens da Europa para oBrasil para esse efeito. As operações apenas envolveram «brasileiros».

    Bom fim-semana!

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  6. Amigo Ega.

    Vou agora para Esmoriz, tomei nota do que disse e vou trabalhar com afinco para manter este "monólogo", é uma pena mas parece que ninguém nos acompanha neste tête-a-tête seriam certamente bem-vindos.

    O meu amigo deixou-me curioso com o seu trabalho, gostaria que me indicasse o nome da obra para a adquirir, pode contactar-me para o meu email nunofcouto@mail.com, obviamente que será guardado o maior sigilo sob a minha palavra de honra que é coisa que respeito muito.

    Bom fim de semana meu caro.

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