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quarta-feira, 3 de março de 2010

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE V - O VINTISMO


Findas as Invasões Francesas a 27 de Abril de 1911, abandona Massena Portugal em direcção a Fuentes D'Onoro em Espanha onde é finalmente derrotado e destituído do comando.

Soult, que tinha liderado a segunda invasão, é derrotado pelas forças aliadas em Badajoz com Beresford no seu comando a 16 de Maio de 1811.

Liberta a Espanha é promulgada a Constituição de Cadis a 19 de Março de 1812, era o fim do Absolutismo.

Napoleão parte para a conquista da Rússia com a Austria e a Prússia como aliados, a Espanha é completamente liberta a Junho de 1813 e em Outubro, o Duque de Wellington invade a França, Napoleão vem a abdicar a 6 de Abril de 1814.

Portugal sobrevivera ao martírio, para surpreza de todos, havia que reconstruir o país, recuperar o monopólio do comércio das américas e restituír a Portugal a qualidade de centro do Reino, fazendo regressar o Rei.

Puro engano...

Os Ingleses continaram a mandar em Portugal com Beresford na Regência, o exército estava carregado de oficiais Ingleses, o comércio Inglês continuou com a sua sede no Brazil gozando de regalias que nem aos Portugueses eram concedidas, D João VI para "ajudar" a situação eleva o Brasil à categoria de Reino em 1815, e começa a expansão Americana, recrutando à "velha pátria" já depauperada pela guerra e pelo fim do comércio externo, homens e dinheiro, a dívida acumulada aos Ingleses era imensa, os pagamentos aos soldados íam já com meio ano de atraso, Portugal era oficialmente uma espécie de colónia Brasileira e Inglesa !

Ora isto tudo conduziu à revolução de 1820.

Com a Constituição de Cadis aprovada em Espanha, a tendência espalhou-se para Portugal. em 1818 é fundado no Porto o Clube do Sinédrio por Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, José da Silva Carvalho e J Vieira Viana a 22 de Janeiro, o qual aliciou militares para participarem no golpe de 24 de Agosto.

A 24 de Agosto de 1820 é proclamada no Porto a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino e são convocadas as Cortes para ser feita uma constituição.

A 15 de Setembro seguiu-se-lhe Lisboa, nesse dia juntaram-se o povo e os militares aclamando vivas ao Rei, à religião, às Cortes e finalmente À CONSTITUIÇÃO. A 27 de Setembro foi formado um governo provisório; era o início do fim do Absolutismo em Portugal.

Seguiu-se um conflito entre os "braços" da revolta a 11 de Novembro, o braço militar e o braço político que era a recém formada Junta de Governo; os militares radicais achavam que o poder não deveria ficar na mão de "advogados e magistrados" que diziam eles iriam dominar as futuras Cortes.
Os radicais pretendiam retirar Manuel Fernandes Tomás e os Liberais moderados do poder e adoptar a constituição de Cadis, até radicalizar o liberalismo da mesma, esse golpe ficou conhecido como "A Martinhada".

Manuel Fernandes Tomás ganha o conflito aos radicais os quais foram desterrados; como consequência é seguido o método da constituição de Cadis para eleição dos deputados da nova constituínte para moldar o modelo constitucional às várias vertentes de pensamento liberal.

Entre 10 e 27 de Dezembro de 1820 são realizadas as primeiras eleições para as Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa e ficavam assim demarcadas duas fortes posições no Reino :

- O Absolutismo acabara;

- Nunca mais o povo seria excluído da direcção dos desígnios da nação.

terça-feira, 2 de março de 2010

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE IV - FERIDAS DIFÍCEIS DE SARAR


Mais duas invasões Francesas se seguiram à de Junot, a de Soult e a de Massena; Soult derrotou Freire de Andrade, o qual foi morto no período anarquista que se seguiu à retirada de Junot; conseguiu ocupar o Porto mas foi derrotado em Amarante, tendo fugido para França.

Massena não conseguiu passar as Linhas de Torres e também derrotado escapou, foi o fim do martírio.

As tropas Inglesas instaladas num país "sem Rei" rapidamente dissolveram as milícias populares e o que restava do exército de Freire de Andrade, aos poucos regressou a "normalidade".

O Povo demosntrara nesta revolução a sua força, os "grandes" compreenderam que a coroa quando o momento fosse mais sensível sería a primeira a fugir, o antigo regime tinha sofrido um rude golpe, o colaboracionismo do Alto Clero, da Nobreza e da Magistratura do Reino "abriu os olhos" à população, não mais viría a ser assim.

Influenciado pela interação com Ingleses, Espanhois e Franceses, o Povo começou a conhecer novas realidades; com a Coroa longe, o exército Português foi recriado por Beresford, integrando nele os que lutaram pela pátria; também foram reintegrados elementos da milícia na magistratura e na administração do Reino.

A permanência do Rei no Brasil agravou a crise económica e começaram a brotar as ideias Liberais, foi formado o Sinédrio e a revolta viría a explodir no Porto a 1820.

Seguindo o exemplo da constituição de Cadis, foi formado um governo provisório no Porto em 1820 o qual reclamava uma nova constituição.

Em 1821 reuniram as Cortes aprovando uma constituição provisória vendo-se o Rei obrigado a regressar do Brasil.

A 23 de Setembro de 1822 era jurada a prmeira Constituição de Portugal, o Rei perdera o poder absoluto e o povo tinha lançado a semente pera o que viría a acontecer mais tarde a 5 de Outubro de 1910.

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE III - A ARROGÂNCIA INGLESA


Com as tropas Francesas destroçadas pelas milícias do povo Português, com Junot remetido a Lisboa, com o "Maneta" regressado também à capital com as suas tropas em farrapos e com o norte de Portugal liberto, chegam as tropas do Duque de Wellington ao território a 1 de Agosto de 1808.

Com o trabalho todo feito, marcharam os Ingleses até Lisboa calcando altivos a terra vermelha com o sangue do povo Português derramado a combater Junot com foices e enxadas.

Com o exército Português "reorganizado" no Porto por Freire de Andrade, o Duque de Wellington destroçou as tropas Francesas e tomou Lisboa.

Por ridículo que pareça, em vez de aniquilar Junot, o Duque, à revelia das tropas Portuguesas negociou a retirada dos Franceses assinando um tratado conhecido por "Convenção de Sintra" no qual permitíu aos Franceses retirar em navios Ingleses as suas tropas do país levando consigo toda a artilharia mais o produto dos roubos da Invasão. Este tratado só demonstra o carácter Britânico na sua sempre podre aliança que manteve com Portugal na qual os Portugueses sempre perderam à exepção da Coroa que enriquecia com as benesses Inglesas !

Não adiantou o protesto de Freire de Andrade, os Franceses partiram, o que lhes permitíu salvar o que restava do seu exército e permitíu a Junot partir com os bolsos carregados de ouro Português, selvaticamente roubado. Tudo isto para poupar aos Ingleses a "maçada" de transportar a sua artilharia até zonas remotas e de difícil acesso com a agravante de certamente ir sofrer baixas em combate o que é inevitável numa guerra.

Aos Ingleses, o Povo Português pouco interessava, a coroa no Brasil estava "controlada" por Charles Stuart que jogava D João como um roberto, o comércio intercontinental tinha sido roubado a Portugal e passava a ter a sua sede no Rio de Janeiro onde eram pagas as taxas, o exército Português de Freire de Andrade era arrogantemente tido pelos Ingleses como uma milícia de maltrapilhos sem tradição militar; será caso para dizer maldita a hora em que os Ingleses nos entraram casa adentro !

E tudo porquê ? Em Portugal não havia ninguém que soubesse governar, estavam no Brasil... Não havia classe média, o país era pobre, o dinheiro do país servia para alimentar a loucura de D João de querer expandir o império no Brasil para sul, as vidas que se perderam a combater o facínora Napoleão foram efémeras pois o enimigo partiu nos barcos Ingleses não só com as suas armas mas também com tesouros artísticos que nunca foram devolvidos nem pelos "democráticos" governos que se seguiram até ao presente, Olivença continua Espanhola e o jacobinismo bem vivo e a angariar votos por Portugal fora acenando a bandeira dos paladinos da liberdade... Ou da libertinagem, o leitor que dicida !

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE II - A PRIMEIRA INVASÃO FRANCESA : A GUERRA DO POVO


Ao fugir, D. João VI deixou instruções para que os Franceses fossem obedecidos e bem recebidos, as instruções foram cumpridas e Junot entrou sem obstáculos por Portugal adentro.

Entrou pela fronteira a dentro um exército constituído por Espanhóis, com um grande contingente Francês, marcharam até Lisboa e foi banida por Napoleão a Casa De Bragança do trono de Portugal.

Os quadros médios administrativos, sem Rei nem roque, entregues à sua sorte, rapidamente se tornaram "colaboracionistas" ou como lhes viria a chamar o povo revoltoso "afrancesados" e "jacobinos". Durante 6 meses foi pacífica a coexistência entre o ocupante e os submissos ocupados.

No entanto e aproveitando o regresso das tropas Espanholas ao seu país para auxiliarem na luta contra as revoltas anti-Francesas que por aí se processavam o Povo revoltou-se em 1808 contra os "afrancesados", "jacobinos" e "ateus" Franceses. A revolta foi espontânea e cruel, principalmente incitada pelo Clero, única força de bloqueio instruída verdadeiramente existente em Portugal pois praticamente não havia Burguesia ou classe média e rapidamente se tornou numa revolta contra os ricos, juízes, notários e proprietários com acusações de colaboracionismo. Sem um poder central que pusesse cobro a isso, e sem reconhecer autoridade a um invasor jacobino foi a anarquia total. Não havia um centro de poder nem um exército organizado, as cidades revoltosas eram focos de conflito isolados e independentes que se incendiavam de forma espontânea contra o inimigo numa forma pura de guerrilha armados com utensílios agrícolas.

Os Franceses combateram a guerrilha com as suas tropas regulares e organizadas, a estrela da contra-ofensiva foi Loison enviado para retomar o norte do país onde a revolta tinha estalado.

Sem ter a noção de quem era "amigo" ou "inimigo" em virtude da natureza do conflito de guerrilha massacrou tudo que tivesse aparência "suspeita" com requintes de malvadez.

Devido ao facto de ter perdido uma mão num acidente de caça, Loison era conhecido como "O Maneta" tornando famosa a expressão popular "Ir pró Maneta", de facto naquele tempo, quem caísse na mão de Loison iría certamente "pró Maneta".

Loison na realidade era um cobarde, foi derrotado pelas milícias do Povo e dos Padres em Amarante perdendo muitos homens e tendo de retirar. No caminho da sua retirada até Almeida, vingou-se nos agricultores pobres que encontrava, torturando-os e aniquilando-os queimando cearas e matando homens, mulheres, velhos e crianças.

O próprio escreveu "O massacre foi terrível, a desordem geral; tudo o que pôde escapar, fugiu e despersou-se, mais de mil mortos ficaram no campo de batalha."

Estas aldeias massacradas eram marcadas nos boletins do Exército Francês como "Livrée Aux Flames".

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE I - A FUGA DE D JOÃO VI


Foi com este Rei, D João VI e com a I Invasão Napoleónica que começou o que viria a ser o fim da monarquia.

Napoleão, em Novembro de 1799 chega ao poder em França e com essa ascensão, começam-se a agudizar as tensões entre a França e a Inglaterra pela luta da hegemonia do poder mundial.

Em Portugal, reinava Maria I e a posição do Reino era interesseiramente neutra, com o intuito de ao ter relações com os dois países poder escoar as matérias primas provindas das províncias ultramarinas encontrando como clientes os dois gigantes, ao mesmo tempo que a frágil nação evitava um confronto armado para o qual não teria hipotese de sobreviver.

No entanto, Napoleão desejava impôr o seu domínio na Europa, pela força se necessário, e tendo como aliada a Espanha, a qual já estava em guerra com a Inglaterra, forçou esta a invadir Portugal de forma a fechar os portos marítimos à entrada dos Ingleses, rompendo a aliança de 1373, tentando com isso isolar as Ilhas Britânicas forçando-as a capitular.

Em Maio de 1801, a Espanha, com o apoio das tropas de Napoleão invadiu Olivença, conquistando essa praça marcando assim o início da Guerra das Laranjas e em pouco menos de um mês tomou o Alentejo.

A Guerra das Laranjas expandiu-se para a América do Sul, onde se encontravam domínios coloniais de Portugueses e Espanhois e os confrontos começaram com pequenas invasões mútuas.

Como em Portugal continental a desvantagem era nítida, Portugal capitulou já D João VI era Príncepe Regente devido à loucura da sua mãe e assinou o Tratado de Badajoz no qual fechou os Portos a Inglaterra e entregou Olivença a Espanha a troco de paz entre os Reinos, esse acordo foi possível pela clara noção que Portugal e Espanha tinham de serem "joguetes" nas mãos de Inglaterra e França numa luta pelo poder. No entanto o tratado não satisfez inteiramente a vontade de Napoleão que pretendia ver o país punido exemplarmente, lançando assim as raizes da Guerra Peninsular e das invasões Francesas.

Em 19 de Novembro de 1807, dá-se a primeira e a maior invasão Napoleónica contra Portugal, com Junot à cabeça, um general ambicioso que tinha pretensões de assumir o cargo de chefe de Estado do país conquistado; Napoleão queria na Realidade bloquear a Europa da Inglaterra por mar mas Junot tinha muito a ganhar com a invasão visto ser a melhor forma de conquistar prestígio, poder e riqueza.

D João VI, aconselhado pelos Ingleses e de forma a garantir a independência do Império, foge por mar para o Brasil sob escolta Inglesa a 27 de Novembro de 1807 com toda a família Real e cerca de 15.000 quadros superiores e administrativos do Reino, a sua intenção sería não deixar caír em mãos Francesas a coroa de Portugal, deslocalizando a capital do Império para o Rio de Janeiro e administrando Portugal a partir daí. O objectivo dos Ingleses era o mesmo, os princípios que conduziram os dois foi perverso; com a partida, D João deixou Portugal entregue a si próprio, sem quadros superiores nem altas patentes do Exército; deixou para trás um Portugal rural e pobre, administrado pela nobreza média, sem burguesia pois o país não era próspero e as benesses do comércio eram para a coroa e principalmente para os Igleses que estavam preocupados apenas em não deixar caír o antigo tratado entre as duas pátrias que lhes assegurava a exploração comercial de Portugal.

Pela fuga e consequente abandono da pátria à sua sorte nas invasões do temível Bonaparte ficou D João conhecido pelo epíteto de "O Ominoso".

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

HOMENS QUE FIZERAM PORTUGAL - PARTE III

D. AFONSO II



Era conhecido pelo epíteto de O Gordo devido à doença de que padecia, uma variante da lepra, a qual no entanto não o impediu de reinar de forma original, terá sido o 1º Rei a centralizar o país em redor da sua capital, Coimbra à altura.

Esta aleivosia centralista veio a trazer agruras ao Rei :

- Primeiro com as irmãs e a Nobreza, a quem tinham sido legados os castelos de Montemor, Seia e Alenquer, castelos esses que acabaram confiscados e consequentemente foram exilados os nobres das suas terras e enclausuradas as irmãs do Rei em mosteiros.

- Depois com a Igreja, o Rei proibiu aos mosteiros e às ordens religiosas de adquirirem bens fundiários, retirando desse modo uma grande fatia do poder à classe.

Com todas estas afrontas acabou excomungado pela Santa Sé em 1212 como aliás já o tinha sido seu pai D Sancho e seu avô D Afonso I.

Foi em suma um Rei pouco interessado em empresas bélicas, mais dedicado à administração do reino, embora no seu reinado tenha sido reconquistada Alcácer por direcção do Alto Clero em 1217, cidade perdida em 1161 pelo seu pai D Sancho.

Morre o Rei a 1223 deixando um país com fronteiras claramente definidas e finalmente organizado.

HOMENS QUE FIZERAM PORTUGAL - PARTE II

D. SANCHO I



Foi aclamado Rei a 1154 por ser o sucessor natural de Afonso I, visto o seu irmão mais velho
D. Henrique ter morrido ainda jovem.

Sancho I notabilizou-se pelo seu trabalho na organização do Reino, fixando núcleos populacionais e organizando-os em concelhos, repovoou lugares desertificados pela guerra, restaurou castelos, atraiu colonos estrangeiros e desenvolveu ordens militares.

Ficou conhecido por fundar as cidades da Guarda, Bragança, Covilhã, Gouveia e Viseu, povoando-as com gente provinda de outros Reinos, nomeadamente da Flandres.

Nesse tempo, seguiam ainda as lutas do Reino com Castela e Leão pelo facto da Santa Sé ainda não ter reconhecido oficialmente o Reino de Portugal carecendo por isso o país de legitimidade, embora D Afonso I, pai de D Sancho, fosse reconhecido como monarca pelo Rei de Castela.

De forma a estabelecer uma aliança que apoiasse o Reino nas suas guerras com os Reinos vizinhos, vem a casar D Sancho I com D Dulce de Aragão, agregando assim o apoio do Reino às suas forças visto Aragão ser enimigo de Castela.

D Sancho estabeleceu como capital do Reino a cidade de Coimbra e conquistou Alcacer em 1158 que viría a perder em 1161 e Silves em 1189 erguendo aí um castelo mas foi uma vitória efémera visto o castelo ter sido pouco depois tomado pelos Mouros em 1190.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

HOMENS QUE FIZERAM PORTUGAL - PARTE I

AFONSO I - PARTE II : A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA DO REINO SUAS BASES E CONSEQUENTE DESENVOLVIMENTO


O Reino sob o jugo de Afonso I foi estratificado em 4 partes ordenadas por importância : o Rei, o Clero, a Nobreza e a Plebe.

Naquele tempo o Rei tinha um poder quase absoluto sendo que apenas era limitado pelo Clero claramente o 2º poder e pela Nobreza por intermédio das cortes que viriam a integrar também elementos do Clero e da Plebe.

O CLERO

O Clero detinha privilégios eclesiásticos, senhoriais e militares. Estava dividido em ordens entre as quais :

ORDEM DE CISTER : Antiga regra de São Bento, foi inserida nesta nova Ordem sendo o seu mosteiro mais antigo o Mosteiro de S João em Tarouca a 12 Km de Lamego e tendo atingido o seu apogeu aquando a criação do Mosteiro de Alcobaça o qual tinha sido prometido em voto pelo Rei pela tomada de Santarém.

ORDEM DE STº AGOSTINHO : Estava fixada nos conventos de Stª Cruz em Coimbra e de S Vicente de Fora em Lisboa é posterior a Afonso I.

ORDEM DOS TEMPLÁRIOS : Foi o braço armado do Clero na conquistas aos Mouros; desde o tempo de D Teresa que eram os senhores de Soure bem como das terras de Coimbra a Leiria. No Sec. XII construiram o convento e o castelo de Tomar e eram também senhores dos castelos de Almourol, de Pombal e de outros de menor relevo.
Vieram a ser extintos em Portugal e convertidos em Cavaleiros da Ordem de Cristo.

ORDEM DOS HOSPITALÁRIOS : foi constituída já no tempo de Afonso I e eram senhores das casas de Leça, Belver e do Crato, também eles eram uma ordem militar.

FREIRES DE CALATRAVA : outra ordem militar com origens no sec. XII estavam em Evora e mais tarde em Avis quando foram convertidos em Ordem de Avis. Daqui sairía mais tade um infante bastardo, seu mestre que se viria a tornar Rei de Portugal fundador da 2ª dinastia, D João I.

ORDEM DE SANTIAGO DE ESPADA : também militar, sediou-se em Palmela, Almada, Arruda, Alcácer, Aljustrel, Sesimbra, Mértola, Aiamonte e Tavira. Nos dias que correm é feito Grão Mestre desta ordem nos dias actuais o chefe de Estado de Portugal.

A NOBREZA

Os nobres estavam estratificados seguindo em ordem decrescente : Rico-Homem, Infanção, Cavaleiro e Escudeiro.

O Rico-Homem tinha o domínio administrativo, militar e judicial da "terra" e morava no seu "solar", o Rei era sempre prejudicado com o excesso de jurisdição dos Ricos-Homens situação a qual viría a mudar com o tempo.

A fidalguia vivia do tributo pago por quem habitava os seus domínios e de doações do Rei; "encostada" a esses previlégios, trocou o seu papel de civilizador por um papel de "parasita" do povo e do poder central, dedicando-se essencialmente a actividades lúdicas e à caça.

A PLEBE

Estavam estratificados em : Cavaleiros Vilãos, Peões e Servos e as suas tarefas centravam-se basicamente na exploração agrícola.

Em face da autonomia gozada pela Nobreza a organização variava em distintos pontos do país; no Minho as terras eram doadas a diferentes grupos de povoadores os quais pagavam um "foro" em espécie com o produto do seu trabalho.

Em Trás-Os-Montes o regime era colectivo, semelhante ao comunismo do sec. XX; bens como o forno, a pastagem e o moinho eram colectivos e os tributos eram pagos por utilização dos meios.

No centro do país funcionava a contribuição predial directa num regime de proprietário/funcionário.

No sul o povo foi excluído do direito de propriedade sendo a Nobreza latifundiária.

Os Cavaleiros Vilãos foram os grandes obreiros da literatura medieval.

A vários povos era permitida a formação de concelhos, os quais reuniam com representantes das três classes denominadas por "braços", esses concelhos formavam as Cortes do Reino.

HOMENS QUE FIZERAM PORTUGAL - PARTE I

AFONSO I - PARTE I : A CONQUISTA


Findas as guerras com a sua mãe e subsequente encarceramento da mesma, Afonso Henriques parte para a conquista do território dos Mouros a sul.

Os Templários ao seu serviço no Castelo de Soure, situado nos confins do Reino, defendiam e exploravam as terras da alta Estremadura; em 1135, mandou erguer o Castelo de Leiria como posto avançado o qual foi tomado pouco tempo depois pelos Mouros em 1137 tendo sofrido os cristãos uma pesada derrota em Tomar.

Como consequência, Afonso Henriques avançou e travou a primeira grande batalha contra os Mouros a 25 de Julho de 1139 a qual ficou conhecida por Batalha de Ourique, travada dizem, nas Chãs de Ourique a 2 Km do Cartaxo; nessa batalha, os cristãos inferiores em número e poder bélico , infligiram uma pesada derrota às tropas muçulmanas, tendo Afonso Henriques sido proclamado como Rei pelos seus, lançando assim as bases da conquista do território que viría a dar forma ao Reino de Portugal.

A 1143, Afonso VII de Castela reconhece o Reino de Portugal e Afonso Henriques como seu monarca, muito contribuíram para esse facto não só as campanhas militares contra as tropas Mouras como também o facto de O futuro Rei ter prestado vassalagem à Santa Sé.

Em 1147, é feito o assalto nocturno à praça de Santarém. Combinado com uma armada de cruzados Alemães, Flamengos, Ingleses e Franceses que tinha desembarcado no rio Douro veio Afonso Henriques a constituir uma força militar que cercou a cidade de Lisboa a qual capitulou em Outubro de 1147.

Em 1150, Afonso Henriques aliado a um chefe Mouro senhor de Silves e Mértola, travou em Ourique uma segunda batalha nos confins do Reino consolidando por aí o seu domínio.

Em 1158, Os Cristãos tomam Alcácer a qual viría a ser perdida em 1161.

E 1179, Finalmente a Santa Sé Reconhece Portugal como Reino pela mão do Papa Alexander III no dia 13 de Abril, sendo Afonso Henriques reconhecido como Afonso I de Portugal.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

HOMENS QUE FIZERAM PORTUGAL - PARTE 0

Começo aqui uma nova crónica, inserida na etiqueta HISTÓRIA onde rasgo o tempo à procura de quem fez Portugal e quem o tornou naquilo que é.

Será uma crónica de muitos capítulos, é uma jornada muito trabalhosa mas no fim penso que vai valer a pena, espero que desfrutem a viagem.

HENRIQUE DE BORGONHA



Henrique de Borgonha aparece num contexto político de cruzada contra os Mouros, empreendida pela reconquista de Afonso VI que partindo da Astúrias se lançou em batalhas pela posse dos territórios muçulmanos da península.

Em busca de fortuna durante a guerra santa católica, os primos Henrique e Raimundo de Borgonha ficaram encarregues da reconquista dos territórios Galegos a norte e a sul do antigo Reino, facto esse que veio a garantir a não inclusão mais tarde, desses territórios no Reino de Castela, pois aos nobres e como recompensa pelos préstimos, foi entregue a administração dessas terras divididas entre os dois primos.

Aos dois foi também oferecida a mão em casamento das filhas de Afonso VI Urraca e Teresa as quais desposaram Raimundo e Henrique respectivamente.

Falecido Henrique, Envolveu-se D Teresa de amores pelo conde Galego Fernão Peres de Trava o que veio a ameaçar de união, a região Galega sob o jugo do falecido Henrique de Borgonha, denominado à altura de Condado Portucalense o qual certamente iría ser engolido pelo Reino de Leão no qual já se integravam as terras de Raimundo.

Sob esta ameaça, insurgíu-se a nobreza do condado à qual se veio a juntar Afonso Henriques, filho de D Henrique e D Teresa.

Afonso Henriques guerreou a mãe, vindo a derrotá-la em Guimarães em 1128 e encarcerando-a como resultado da contenda.

Com esta batalha, a Galiza vir-se-ía definitivamente a romper em duas partes, sendo que a parte sul da região, o condado Portucalense, viría a dar figura ao Reino de Portugal.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

PARA VER E REFLECTIR...

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O ESPÍRITO DE ABRIL DE 74

"Enquanto escrevo, o mundo tem os olhos postos em Portugal, onde os mecanismos da queda do totalitarismo estão em marcha. Embora gozando aparentemente do apoio de Moscovo, o Partido Comunista Português foi derrotado nas eleições de Abril de 75. Após estas, começou a atropelar os seus rivais, utilizando os mesmos métodos sem cerimónia de demagogia, provocação, tirania policial e chantagem que os seus antecessores utilizaram no passado : em 1917, 1933 e 1948.
A tendência para o totalitarismo do tipo socialista-militar pode detectar-se também em certos círculos não comunistas do Movimento das Forças Armadas. É especialmente sinistra a influência crescente na sociedade exercida pela polícia secreta : um «Estado dentro doutro Estado», uma "oprichnina" ( guarda pretoriana de Ivan o Terrível ) do século XX, como a N.K.V.D. na era estalinista. Aparentemente, os comunistas desempenham um papel especialmente importante na polícia secreta Portuguesa."

Andrei Sakharov - O meu país e o mundo, 1975

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

31 DE JANEIRO DE 1891



Passaram ontem 119 anos da data do golpe revolucionário republicano que opôs algumas centenas de revoltosos liderados por sargentos e cabos do exército às forças da coroa Portuguesa numa tentativa de instaurar a república em Portugal.

Há quem defenda que tal revolta se deveu em grande parte à questão do mapa cor de rosa e às pretensões da coroa de anexar os territórios situados na zona intermédia entre a costa do Atlântico e do Índico de Angola a Moçambique, as quais falharam redondamente resultando num ultimato por parte dos Ingleses a entregarem os territórios anexados sob pena de corte de relações e possivelmente conflito armado.

A meu ver a questão do ultimatum foi uma falsa questão, no fundo foi uma tentativa de empolar a rebelião transformando, à imagem do 25 de Abril de 74, uma revolta cuja verdadeira índole era uma questão de promoção na carreira dos quadros médios do exército, numa revolta nacional com o intuito de instaurar a república por motivos mais altruístas.

Na verdade, o Partido Republicano tinha a sua força em Lisboa, era aí que se sediavam a carbonária e a maçonaria e eram aí que nasciam todos os focos de revolta, aliás foi aí que se perpretou o reigicídio, a norte, a república nunca reuniu uma simpatia bastante para capitalizar um golpe com consequêncis tão drásticas e para mais na sequência de um ultimato Inglês, povo com que o norte de Portugal sempre manteve relações comerciais pela simples razão de que eram Ingleses a maioria dos interesses na produção e comercialização do vinho do Porto aliás Basílio Teles referíu-se ao Porto como uma "feitoria Inglesa".

Mesmo após a instauração da república, foi sempre a partir do norte que Paiva Couceiro investiu com o intuíto da restauração da monarquia, foi no Minho que se deu a revolta da Maria da Fonte com o rastilho das reformas de Costa Cabral numa população claramente miguelista e partidária do seu absolutismo.

Quais foram então as razões que levaram à revolta em 31 de Janeiro ?

O Porto como aliás é sabido, é liberal desde à muito tempo, na guerra civíl, o Porto resistiu sob a forma de cerco às tropas absolutistas de D Miguel lutando ao lado de D Pedro IV e a monarquia liberal que se vivía no fim do sec. XIX enquadrava-se perfeitamente no modo de vida da cidade.

O Porto desde sempre foi também um alvo apetecível para legitimar todas as pretenções de revolta em Portugal, aliás foi no Porto que se deram os maiores passos na luta contra a tirania em particular nesse tempo :

- Foi assim em 1820, para expulsar os ingleses e obrigar a corte a voltar do Brasil.
- Foi assim em 1826 para proclamar a Carta Constitucional.
- Foi assim 1833-4, quando se expulsou D. Miguel.
- Foi assim em 1836, quando se fez a revolução de Setembro.
- Foi assim em 1846, quando se deitou a terra o Cabralismo.

Participaram nesta revolta reza a história três oficiais speriores do exército, o capitão Leitão, o tenente Coelho e o alferes Malheiro, a revolta foi essencialmente perpretada por cabos e sargentos, aliás, desde 1911 que 31 de Janeiro é declarado o dia do sargento. Os motivos são os clássicos, melhores salários e melhores condiçoes na progressão das carreiras, os sargentos acreditavam que só pela via da revolução poderia ser terminada a monarquia, e com ela todos os previlégios que parecia que não eram extensíveis a todos os cidadãos portugueses de todas as classes.

Há que destacar alguns factos de grande importância histórica do 31 de Janeiro, foi a revolta do Porto que deu as cores da república à bandeira Portuguesa, o vermelho e o verde eram as cores do centro republicano federal do Porto, e foi com esse esquema cromático que a primeira bandeira republicana Portuguesa foi asteada na câmara municipal da cidade. Foi sob estas cores que no Porto morreram os primeiros combatentes pela causa e foi causa bastante para serem estas as cores adoptadas para figurarem na bandeira do país no pós 1910.

Foi também com o 31 de Janeiro que foi indicado o caminho a seguir pelos republicanos, com a revolta ficou patente que nunca pelo sufrágio ou pelo evolucionismo se poría fim à monarquia, foi com esta fractura que se ensaiou o caminho para o 5 de Outubro.

Foi também ao som da "Portuguesa" mas na sua versão original "contra os Bretões marchar, marchar" que as tropas revoltosas iniciaram a sua luta sendo daí que tenha partido a adopção da música que mais tarde se viria a tornar no hino da pátria.

Foi no final uma revolta útil que embora tenha iniciado como uma espécie de golpe sindical armado serviu de exemplo para fazer saír dos gabinetes para a rua os pensadores da república.

No meu ver, este caminho para o fim da monarquia só ficou manchado pelo reigicídio e pela brutalidade presente no acto; no fundo serviu para legitimar um movimento que se viría a revelar despótico e anarca às mãos de Afonso Costa por mais de vinte anos numa sucessão de governos, crises e golpes de estado, tendo como os seus episódios mais negros a entrada de Portugal na grande guerra e o assassinato de Sidónio Pais, culminando no Estado Novo de Oliveira Salazar.