quarta-feira, 3 de março de 2010

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE V - O VINTISMO


Findas as Invasões Francesas a 27 de Abril de 1911, abandona Massena Portugal em direcção a Fuentes D'Onoro em Espanha onde é finalmente derrotado e destituído do comando.

Soult, que tinha liderado a segunda invasão, é derrotado pelas forças aliadas em Badajoz com Beresford no seu comando a 16 de Maio de 1811.

Liberta a Espanha é promulgada a Constituição de Cadis a 19 de Março de 1812, era o fim do Absolutismo.

Napoleão parte para a conquista da Rússia com a Austria e a Prússia como aliados, a Espanha é completamente liberta a Junho de 1813 e em Outubro, o Duque de Wellington invade a França, Napoleão vem a abdicar a 6 de Abril de 1814.

Portugal sobrevivera ao martírio, para surpreza de todos, havia que reconstruir o país, recuperar o monopólio do comércio das américas e restituír a Portugal a qualidade de centro do Reino, fazendo regressar o Rei.

Puro engano...

Os Ingleses continaram a mandar em Portugal com Beresford na Regência, o exército estava carregado de oficiais Ingleses, o comércio Inglês continuou com a sua sede no Brazil gozando de regalias que nem aos Portugueses eram concedidas, D João VI para "ajudar" a situação eleva o Brasil à categoria de Reino em 1815, e começa a expansão Americana, recrutando à "velha pátria" já depauperada pela guerra e pelo fim do comércio externo, homens e dinheiro, a dívida acumulada aos Ingleses era imensa, os pagamentos aos soldados íam já com meio ano de atraso, Portugal era oficialmente uma espécie de colónia Brasileira e Inglesa !

Ora isto tudo conduziu à revolução de 1820.

Com a Constituição de Cadis aprovada em Espanha, a tendência espalhou-se para Portugal. em 1818 é fundado no Porto o Clube do Sinédrio por Manuel Fernandes Tomás, José Ferreira Borges, José da Silva Carvalho e J Vieira Viana a 22 de Janeiro, o qual aliciou militares para participarem no golpe de 24 de Agosto.

A 24 de Agosto de 1820 é proclamada no Porto a Junta Provisional do Governo Supremo do Reino e são convocadas as Cortes para ser feita uma constituição.

A 15 de Setembro seguiu-se-lhe Lisboa, nesse dia juntaram-se o povo e os militares aclamando vivas ao Rei, à religião, às Cortes e finalmente À CONSTITUIÇÃO. A 27 de Setembro foi formado um governo provisório; era o início do fim do Absolutismo em Portugal.

Seguiu-se um conflito entre os "braços" da revolta a 11 de Novembro, o braço militar e o braço político que era a recém formada Junta de Governo; os militares radicais achavam que o poder não deveria ficar na mão de "advogados e magistrados" que diziam eles iriam dominar as futuras Cortes.
Os radicais pretendiam retirar Manuel Fernandes Tomás e os Liberais moderados do poder e adoptar a constituição de Cadis, até radicalizar o liberalismo da mesma, esse golpe ficou conhecido como "A Martinhada".

Manuel Fernandes Tomás ganha o conflito aos radicais os quais foram desterrados; como consequência é seguido o método da constituição de Cadis para eleição dos deputados da nova constituínte para moldar o modelo constitucional às várias vertentes de pensamento liberal.

Entre 10 e 27 de Dezembro de 1820 são realizadas as primeiras eleições para as Cortes Gerais e Extraordinárias da Nação Portuguesa e ficavam assim demarcadas duas fortes posições no Reino :

- O Absolutismo acabara;

- Nunca mais o povo seria excluído da direcção dos desígnios da nação.

terça-feira, 2 de março de 2010

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE IV - FERIDAS DIFÍCEIS DE SARAR


Mais duas invasões Francesas se seguiram à de Junot, a de Soult e a de Massena; Soult derrotou Freire de Andrade, o qual foi morto no período anarquista que se seguiu à retirada de Junot; conseguiu ocupar o Porto mas foi derrotado em Amarante, tendo fugido para França.

Massena não conseguiu passar as Linhas de Torres e também derrotado escapou, foi o fim do martírio.

As tropas Inglesas instaladas num país "sem Rei" rapidamente dissolveram as milícias populares e o que restava do exército de Freire de Andrade, aos poucos regressou a "normalidade".

O Povo demosntrara nesta revolução a sua força, os "grandes" compreenderam que a coroa quando o momento fosse mais sensível sería a primeira a fugir, o antigo regime tinha sofrido um rude golpe, o colaboracionismo do Alto Clero, da Nobreza e da Magistratura do Reino "abriu os olhos" à população, não mais viría a ser assim.

Influenciado pela interação com Ingleses, Espanhois e Franceses, o Povo começou a conhecer novas realidades; com a Coroa longe, o exército Português foi recriado por Beresford, integrando nele os que lutaram pela pátria; também foram reintegrados elementos da milícia na magistratura e na administração do Reino.

A permanência do Rei no Brasil agravou a crise económica e começaram a brotar as ideias Liberais, foi formado o Sinédrio e a revolta viría a explodir no Porto a 1820.

Seguindo o exemplo da constituição de Cadis, foi formado um governo provisório no Porto em 1820 o qual reclamava uma nova constituição.

Em 1821 reuniram as Cortes aprovando uma constituição provisória vendo-se o Rei obrigado a regressar do Brasil.

A 23 de Setembro de 1822 era jurada a prmeira Constituição de Portugal, o Rei perdera o poder absoluto e o povo tinha lançado a semente pera o que viría a acontecer mais tarde a 5 de Outubro de 1910.

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE III - A ARROGÂNCIA INGLESA


Com as tropas Francesas destroçadas pelas milícias do povo Português, com Junot remetido a Lisboa, com o "Maneta" regressado também à capital com as suas tropas em farrapos e com o norte de Portugal liberto, chegam as tropas do Duque de Wellington ao território a 1 de Agosto de 1808.

Com o trabalho todo feito, marcharam os Ingleses até Lisboa calcando altivos a terra vermelha com o sangue do povo Português derramado a combater Junot com foices e enxadas.

Com o exército Português "reorganizado" no Porto por Freire de Andrade, o Duque de Wellington destroçou as tropas Francesas e tomou Lisboa.

Por ridículo que pareça, em vez de aniquilar Junot, o Duque, à revelia das tropas Portuguesas negociou a retirada dos Franceses assinando um tratado conhecido por "Convenção de Sintra" no qual permitíu aos Franceses retirar em navios Ingleses as suas tropas do país levando consigo toda a artilharia mais o produto dos roubos da Invasão. Este tratado só demonstra o carácter Britânico na sua sempre podre aliança que manteve com Portugal na qual os Portugueses sempre perderam à exepção da Coroa que enriquecia com as benesses Inglesas !

Não adiantou o protesto de Freire de Andrade, os Franceses partiram, o que lhes permitíu salvar o que restava do seu exército e permitíu a Junot partir com os bolsos carregados de ouro Português, selvaticamente roubado. Tudo isto para poupar aos Ingleses a "maçada" de transportar a sua artilharia até zonas remotas e de difícil acesso com a agravante de certamente ir sofrer baixas em combate o que é inevitável numa guerra.

Aos Ingleses, o Povo Português pouco interessava, a coroa no Brasil estava "controlada" por Charles Stuart que jogava D João como um roberto, o comércio intercontinental tinha sido roubado a Portugal e passava a ter a sua sede no Rio de Janeiro onde eram pagas as taxas, o exército Português de Freire de Andrade era arrogantemente tido pelos Ingleses como uma milícia de maltrapilhos sem tradição militar; será caso para dizer maldita a hora em que os Ingleses nos entraram casa adentro !

E tudo porquê ? Em Portugal não havia ninguém que soubesse governar, estavam no Brasil... Não havia classe média, o país era pobre, o dinheiro do país servia para alimentar a loucura de D João de querer expandir o império no Brasil para sul, as vidas que se perderam a combater o facínora Napoleão foram efémeras pois o enimigo partiu nos barcos Ingleses não só com as suas armas mas também com tesouros artísticos que nunca foram devolvidos nem pelos "democráticos" governos que se seguiram até ao presente, Olivença continua Espanhola e o jacobinismo bem vivo e a angariar votos por Portugal fora acenando a bandeira dos paladinos da liberdade... Ou da libertinagem, o leitor que dicida !

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE II - A PRIMEIRA INVASÃO FRANCESA : A GUERRA DO POVO


Ao fugir, D. João VI deixou instruções para que os Franceses fossem obedecidos e bem recebidos, as instruções foram cumpridas e Junot entrou sem obstáculos por Portugal adentro.

Entrou pela fronteira a dentro um exército constituído por Espanhóis, com um grande contingente Francês, marcharam até Lisboa e foi banida por Napoleão a Casa De Bragança do trono de Portugal.

Os quadros médios administrativos, sem Rei nem roque, entregues à sua sorte, rapidamente se tornaram "colaboracionistas" ou como lhes viria a chamar o povo revoltoso "afrancesados" e "jacobinos". Durante 6 meses foi pacífica a coexistência entre o ocupante e os submissos ocupados.

No entanto e aproveitando o regresso das tropas Espanholas ao seu país para auxiliarem na luta contra as revoltas anti-Francesas que por aí se processavam o Povo revoltou-se em 1808 contra os "afrancesados", "jacobinos" e "ateus" Franceses. A revolta foi espontânea e cruel, principalmente incitada pelo Clero, única força de bloqueio instruída verdadeiramente existente em Portugal pois praticamente não havia Burguesia ou classe média e rapidamente se tornou numa revolta contra os ricos, juízes, notários e proprietários com acusações de colaboracionismo. Sem um poder central que pusesse cobro a isso, e sem reconhecer autoridade a um invasor jacobino foi a anarquia total. Não havia um centro de poder nem um exército organizado, as cidades revoltosas eram focos de conflito isolados e independentes que se incendiavam de forma espontânea contra o inimigo numa forma pura de guerrilha armados com utensílios agrícolas.

Os Franceses combateram a guerrilha com as suas tropas regulares e organizadas, a estrela da contra-ofensiva foi Loison enviado para retomar o norte do país onde a revolta tinha estalado.

Sem ter a noção de quem era "amigo" ou "inimigo" em virtude da natureza do conflito de guerrilha massacrou tudo que tivesse aparência "suspeita" com requintes de malvadez.

Devido ao facto de ter perdido uma mão num acidente de caça, Loison era conhecido como "O Maneta" tornando famosa a expressão popular "Ir pró Maneta", de facto naquele tempo, quem caísse na mão de Loison iría certamente "pró Maneta".

Loison na realidade era um cobarde, foi derrotado pelas milícias do Povo e dos Padres em Amarante perdendo muitos homens e tendo de retirar. No caminho da sua retirada até Almeida, vingou-se nos agricultores pobres que encontrava, torturando-os e aniquilando-os queimando cearas e matando homens, mulheres, velhos e crianças.

O próprio escreveu "O massacre foi terrível, a desordem geral; tudo o que pôde escapar, fugiu e despersou-se, mais de mil mortos ficaram no campo de batalha."

Estas aldeias massacradas eram marcadas nos boletins do Exército Francês como "Livrée Aux Flames".

O INÍCIO DO FIM DA MONARQUIA EM PORTUGAL

PARTE I - A FUGA DE D JOÃO VI


Foi com este Rei, D João VI e com a I Invasão Napoleónica que começou o que viria a ser o fim da monarquia.

Napoleão, em Novembro de 1799 chega ao poder em França e com essa ascensão, começam-se a agudizar as tensões entre a França e a Inglaterra pela luta da hegemonia do poder mundial.

Em Portugal, reinava Maria I e a posição do Reino era interesseiramente neutra, com o intuito de ao ter relações com os dois países poder escoar as matérias primas provindas das províncias ultramarinas encontrando como clientes os dois gigantes, ao mesmo tempo que a frágil nação evitava um confronto armado para o qual não teria hipotese de sobreviver.

No entanto, Napoleão desejava impôr o seu domínio na Europa, pela força se necessário, e tendo como aliada a Espanha, a qual já estava em guerra com a Inglaterra, forçou esta a invadir Portugal de forma a fechar os portos marítimos à entrada dos Ingleses, rompendo a aliança de 1373, tentando com isso isolar as Ilhas Britânicas forçando-as a capitular.

Em Maio de 1801, a Espanha, com o apoio das tropas de Napoleão invadiu Olivença, conquistando essa praça marcando assim o início da Guerra das Laranjas e em pouco menos de um mês tomou o Alentejo.

A Guerra das Laranjas expandiu-se para a América do Sul, onde se encontravam domínios coloniais de Portugueses e Espanhois e os confrontos começaram com pequenas invasões mútuas.

Como em Portugal continental a desvantagem era nítida, Portugal capitulou já D João VI era Príncepe Regente devido à loucura da sua mãe e assinou o Tratado de Badajoz no qual fechou os Portos a Inglaterra e entregou Olivença a Espanha a troco de paz entre os Reinos, esse acordo foi possível pela clara noção que Portugal e Espanha tinham de serem "joguetes" nas mãos de Inglaterra e França numa luta pelo poder. No entanto o tratado não satisfez inteiramente a vontade de Napoleão que pretendia ver o país punido exemplarmente, lançando assim as raizes da Guerra Peninsular e das invasões Francesas.

Em 19 de Novembro de 1807, dá-se a primeira e a maior invasão Napoleónica contra Portugal, com Junot à cabeça, um general ambicioso que tinha pretensões de assumir o cargo de chefe de Estado do país conquistado; Napoleão queria na Realidade bloquear a Europa da Inglaterra por mar mas Junot tinha muito a ganhar com a invasão visto ser a melhor forma de conquistar prestígio, poder e riqueza.

D João VI, aconselhado pelos Ingleses e de forma a garantir a independência do Império, foge por mar para o Brasil sob escolta Inglesa a 27 de Novembro de 1807 com toda a família Real e cerca de 15.000 quadros superiores e administrativos do Reino, a sua intenção sería não deixar caír em mãos Francesas a coroa de Portugal, deslocalizando a capital do Império para o Rio de Janeiro e administrando Portugal a partir daí. O objectivo dos Ingleses era o mesmo, os princípios que conduziram os dois foi perverso; com a partida, D João deixou Portugal entregue a si próprio, sem quadros superiores nem altas patentes do Exército; deixou para trás um Portugal rural e pobre, administrado pela nobreza média, sem burguesia pois o país não era próspero e as benesses do comércio eram para a coroa e principalmente para os Igleses que estavam preocupados apenas em não deixar caír o antigo tratado entre as duas pátrias que lhes assegurava a exploração comercial de Portugal.

Pela fuga e consequente abandono da pátria à sua sorte nas invasões do temível Bonaparte ficou D João conhecido pelo epíteto de "O Ominoso".

segunda-feira, 1 de março de 2010

A NOITE - PARTE III

EPÍLOGO

O Jogo acabou como começou, controlado pelo Sporting; a atitude do Porto mudou porém; do "desprezo" mostrado pelo adversário brotou o "desespero" dos Dragões; muitos insultos, pouco discernimento a sair com a bola nos pés, o Sporting a jogar como um bloco e o Porto como um aríete porém efémero nunca chegou verdadeiramente a ameaçar o destino do jogo.

CONCLUSÃO

Nem o Sporting é fraco e desprezável, nem o Penta é uma inevitabilidade, temos que dar hoje um valor acrescido às conquistas do passado, pois não é em vão que a conquista dos cinco títulos consecutivos foi heróica e única no panorama do futebol Português.

O Jesualdo Ferreira não é tão culpado quanto possa parecer, a equipa que jogou foi inventada por ele e não o foi este ano; o Professor teve o mérito de reconstruir consecutivamente equipas retalhadas pela venda das suas "jóias" e o Porto foi temido até ao fim e ainda o é pois vai ser o Porto a decidir o fim desta história no Estádio do Dragão, na recepção ao Benfica.

O Braga tem tudo para ser campeão, basta ver o calendário. O Benfica tem de visitar Nacional, Rio Ave, Académica e Porto, e tem de receber o Braga e o Sporting; será muito difícil passar incólume por este terrível período e será uma prova de fogo ao Benfica de Jesus.

Por fim João Ferreira, o "João, pode ser o João...", teve uma arbitragem imaculada, os amarelos foram bem mostrados e a influência de Ferreira no jogo foi ZERO, mostrou ser um excelente árbitro e pôs a nu muitos mitos do pretenso "futebol de secretaria" que se tem apregoado nos últimos tempos. Creio que a Liga tem envergonhado toda a gente, não creio (e não espero) porém que o campeonato se vá decidir pelas arbitragens, acho que as equipas só se podem queixar de si próprias e dos pontos que perderam de forma inusitada.

Será o fim de mais um ciclo brilhante, que das cinzas pelo menos nasça algo de grandioso e que o Porto traga a Taça Uefa novamente para casa.

A NOITE - PARTE II

Se como prólogo desta crónica escolhi o poema de Pessoa, utilizo agora a segunda parte para desenvolver a noite de ontem.

DESENCADEAMENTO

O Porto entrou ontem em campo com o jogo ganho, confiante na sua superioridade, montou a "equipa do costume" e jogou o "futebol do costume" técnico, de transição, com o jogo a partir das alas e um meio campo metromeno dos tempos de jogo.

DESENVOLVIMENTO

Eis que no início do jogo sofre o Porto um golo, facto traiçoeiro, pois não abalou a fé de que "o jogo estava ganho"; era ainda muito cedo e definitivamente "ia-mos ganhar isto".
Seguindo esta lógica não foi alterada a lógica do jogo, o Sporting em pressing, a atacar a bola de imediato, sem dar espaços e a soltar a bola ao primeiro toque para lançar ataques rápidos, o Porto por outro lado passivo, sempre a tentar esconder a bola e a manter a posse, era uma questão de tempo...

COMPLICAÇÃO

No fim da primeira parte golo dois; caiu como um balde de água fria pela cabeça de nós Andrades abaixo, havia que mudar a estratégia.

Início da segunda parte, entra Beluschi, o jogo obrigava a mudar mas aos poucos; era necessário reforçar o ataque e vem... Golo três !

CLIMAX

Tinha o Porto 45 minutos para marcar quatro golos era a derrocada, Jesualdo faz entrar a armada, tira os pilares do meio campo que jogaram manietados e faz entrar velocidade (Cebola) e músculo (Guarin); o Sporting, inteligente e desgastado fisicamente pela primeira parte, recua e fecha espaços, era o princípio do fim.

Continua na crónica III...

A NOITE - PARTE I


"A nau de um deles tinha-se perdido
No mar indefinido.
O segundo pediu licença ao Rei
De, na fé e na lei
Da descoberta, ir em procura
Do irmão no mar sem fim e a névoa escura.


Tempo foi. Nem primeiro nem segundo

Volveu do fim profundo

Do mar ignoto à pátria por quem dera

O enigma que fizera.

Então o terceiro a El-Rei rogou

Licença de os ir buscar, e El-Rei negou."


Fernando Pessoa em : A Noite


Assim se perderam em Alvalade as "naus" do primeiro e segundo lugar.

"Na fé e na lei" cabe ao Porto não desistir da busca, é porém a lógica de El-Rei que o diz; acabou aqui o caminho. O Porto irá representar Portugal na Liga Europa no ano que se segue, que traga para casa a taça como penitência pelo objectivo falhado.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

O PRELÚDIO DE SENA


"Acendi um cigarro. Onde iria jantar? Não me apetecia comer. Apetecia-me fugir. Para onde e porquê? E, de repente, ouvi dentro da minha cabeça uma frase: «Sinais de fogo as almas se despedem, tranquilas e caladas, destas cinzas frias»"

Texto : Jorge de Sena em Sinais de Fogo
Imagem : William Blake -
The Great Red Dragon and the Woman Clothed in Sun

Por duas vezes, o prelúdio de Sena o afastou de Portugal, da primeira vez foi do fascismo que fugiu da segunda, do comunismo do PREC que sempre o recusou.

Sena nunca fugiu do país que amava, fugiu dos homens que não compreendia. Veio a fugir do Brasil mais tarde com o advento da ditadura militar; não suportava o ódio dos homens, sufocava-o a ignorância a intolerância e a estupidez.

Sena sempre teve um dom especial para detectar esses sinais, os "sinais de fogo" como lhe foram revelados, sinais esses que nos queimam diariamente nas nossas vidas impragnadas com a miserabilidade de quem nos governa.

Será que devo também eu partir ?

HOMENS QUE FIZERAM PORTUGAL - PARTE III

D. AFONSO II



Era conhecido pelo epíteto de O Gordo devido à doença de que padecia, uma variante da lepra, a qual no entanto não o impediu de reinar de forma original, terá sido o 1º Rei a centralizar o país em redor da sua capital, Coimbra à altura.

Esta aleivosia centralista veio a trazer agruras ao Rei :

- Primeiro com as irmãs e a Nobreza, a quem tinham sido legados os castelos de Montemor, Seia e Alenquer, castelos esses que acabaram confiscados e consequentemente foram exilados os nobres das suas terras e enclausuradas as irmãs do Rei em mosteiros.

- Depois com a Igreja, o Rei proibiu aos mosteiros e às ordens religiosas de adquirirem bens fundiários, retirando desse modo uma grande fatia do poder à classe.

Com todas estas afrontas acabou excomungado pela Santa Sé em 1212 como aliás já o tinha sido seu pai D Sancho e seu avô D Afonso I.

Foi em suma um Rei pouco interessado em empresas bélicas, mais dedicado à administração do reino, embora no seu reinado tenha sido reconquistada Alcácer por direcção do Alto Clero em 1217, cidade perdida em 1161 pelo seu pai D Sancho.

Morre o Rei a 1223 deixando um país com fronteiras claramente definidas e finalmente organizado.