sábado, 20 de fevereiro de 2010

MUSICAS DA MINHA VIDA VII



THE SMITHS - There Is A Light That Never Goes Out

Falar dos Smiths do Morrissey e do Johnny Marr é difícil; acima de tudo Morrissey é para mim o último dos trovadores, ele próprio se intitulou o "the last of the famous international playboys" mas o sentido a tirar ao título da música é o romântico da expressão; Morrissey é uma criatura que usa a música como forma de expressão que por vezes parece ser o único veículo que dispõe para comunicar, Morrissey e o mundo sempre pareceram andar desencontrados e desfasados.

Acho que para entender Morrissey é necessário entender Manchester, uma cidade que em pleno boom financeiro do tempo de Margaret Thatcher, vivia a leste do Glamour de Londres, onde todos enriqueciam e venciam na vida ao passo que Manchester permanecia pobre, industrial e cinzenta. já não me recordo onde ouvi que em Manchester só se podia aspirar a ser músico, futebolista ou traficante de droga; é uma frase forte mas revela o sentimento de exclusão sempre presente nas letras dos músicos de 80 e início de 90.

Em plena Madchester, envolta pelo que foi a terceira revolução musical depois do RockRoll e do movimento hippie, quando a musica acid-house e as rave parties atingiram o seu apogeu e a única mensagem que estava presente na musica eram as festas e as drogas; os Smiths eram a excepção que confirmava a regra, dentro de um restrito grupo de músicos, ouvir os Smiths era a imagem do ostracismo a que o "cinzentismo" do ocre do tijolo da cidade votava os poetas como Morrissey e para mim é isso que os Smiths representam, a voz do inconformismo, da exclusão, de alguém que não se adapta ao meio que o rodeia; é justo por isso dizer que quando eu era jovem, os Smiths eram os únicos que me pareciam compreender, será justo dizer que os Smiths salvaram-me quando era adolescente.

Outro factor que contribui para a melancolia e o inconformismo das letras é a sempre polémica suposta homossexualidade de Morrissey, intrínseca em muitas das suas palavras mas nunca confirmada.

Os Smiths foram, são e serão algo de intemporal, são património da humanidade e apenas ouvir o fabuloso som da música sem atentar à mensagem que a mesma transporta é desfrutar metade do que esta grandiosa banda nos oferece.

Escolhi o tema por não só reflectir o que escrevo acima mas pela imagem do vídeo; numa cidade cinzenta como Manchester, longe do convívio impessoal das festas e do glamour da capital, as pessoas são de uma cumplicidade rara, a imagem faz-me lembrar a juventude quando saía à rua inserido num grupo, quando passeava e convivia com esse grupo, sem playstations ou clubes nocturnos onde as pessoas nem se falam; a imagem do passeio do grupo em bicicleta pelas ruas da cidade e a foto à porta do Salford Lads Club, com os seus portões verdes representa isso mesmo, o convívio puro e original entre pessoas, o oposto da grande cidade.

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